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A saúde mental dos colaboradores: prioridade estratégica

Escrito por Autor 2 | 22/07/2024 21:06:05

Por: Renata Maldonado, Diretora de Recursos Humanos da Natura &Co México.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima em 1 bilhão de dólares o custo anual decorrente da falta de estratégias e programas a favor da saúde mental dos trabalhadores. No México, o absenteísmo laboral relacionado a transtornos mentais ou neurodivergências resulta em uma diminuição de 23,8% na produtividade, de acordo com dados da Secretaria de Trabalho e Previsão Social do México. No interior das organizações, a saúde mental deixou de ser um tema tabu. E as áreas de gestão de talentos têm sido responsáveis por levantar o véu e abrir a conversa sobre o tema.

No entanto, a prática não é generalizada, principalmente porque executivos, investidores e líderes ignoram o impacto que a saúde mental pode ter em uma empresa. Além disso, apenas 35% dos países possuem programas de promoção e prevenção da saúde mental nos locais de trabalho. De acordo com o Relatório Mundial sobre Saúde Mental da OMS, a depressão e a ansiedade causam, a cada ano, uma perda de 12 bilhões de dias de trabalho, resultando em um prejuízo de quase um trilhão de dólares para a economia mundial.

Cabe destacar que, desde 2018, no caso do México, com a implementação da NOM035 por parte da STPS, são vigentes multas de até 500 mil pesos às empresas que não previnem fatores de risco psicossocial em seus ambientes. Por essa razão, os líderes de RH estão obrigados — não só em termos legais, mas também éticos — a priorizar a saúde mental de seus colaboradores por meio de diversas estratégias e soluções concretas e de fácil acesso.

Mas vamos começar pelo início: quais são os riscos para a saúde mental no trabalho? De acordo com a OMS, fatores como cargas ou ritmos de trabalho excessivos; jornadas prolongadas; condições inseguras ou deficientes; violência, assédio ou perseguição; discriminação e exclusão; uma cultura organizacional que tolera comportamentos agressivos, entre outros, podem desencadear uma crise de saúde mental. Se os fatores antes enumerados fossem um mapa conceitual, no centro estaria a cultura organizacional e abaixo dela todos os demais, como ramificações desse elemento macro. Daí a importância da cultura como fator primordial e essencial para prevenir os riscos para a saúde mental.

A isso, devemos adicionar que a pandemia, segundo as estimativas mais moderadas, provocou um aumento de 25% dos transtornos de ansiedade e depressão entre a população.

Então, o que podemos fazer, desde as áreas de Recursos Humanos (RH), para prevenir, atender e conter as crises de saúde mental entre nossos colaboradores? A seguir, enumero algumas estratégias e programas para promover a saúde mental no trabalho.

Promover um ambiente de trabalho positivo: É importante que os funcionários se sintam pertencentes e valorizados dentro da empresa. Nesse sentido, RH deve permitir canais para que os colaboradores expressem seus problemas e a percepção que têm sobre a organização.

Implementar programas de bem-estar: Entre a gama de compensações e benefícios, a atenção ao estresse e à saúde mental é primordial. Esses programas podem incluir terapia em grupo, meditação, ioga e outros serviços de apoio.

Oferecer ferramentas tecnológicas: Isso pode ser implementado por meio de aplicativos de meditação e mindfulness, e ferramentas de acompanhamento da saúde mental para ajudar os funcionários a manter um registro de seu bem-estar emocional.

Implementar políticas e protocolos de atenção ao assédio moral: Isso pode incluir treinamento e conscientização, tanto para funcionários quanto para gerentes, com o objetivo de prevenir o assédio e a perseguição no ambiente de trabalho. Em algumas empresas, por exemplo, existem unidades de gênero que gerenciam denúncias desse tipo.

Incluir pessoas com neurodivergências na equipe: É importante que os funcionários com neurodivergências, como o Transtorno do Espectro Autista ou o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) — que também se manifesta em adultos —, sejam incluídos nas políticas e programas de bem-estar. Isso pode se refletir por meio de adaptações razoáveis no local de trabalho.

A saúde mental, de acordo com médicos e outros especialistas, é uma linha contínua entre a sanidade e a doença, sendo um fenômeno dinâmico, multifuncional e multicausal. Portanto, componentes como a família, certas disposições genéticas, a sociedade e o ambiente de cada pessoa influenciam o bem-estar emocional. Apesar disso, às áreas de RH, nos cabe liderar essa cruzada e promover as mudanças necessárias para garantir espaços de trabalho seguros. A saúde mental de nossos colaboradores deve ser, sem sombra de dúvida, uma de nossas prioridades estratégicas.